Definição de alcoolismo
O alcoolismo se define como uma doença caracterizada por problemas recorrentes associados ao fato de tomar álcool. Esses problemas se referem a diferentes áreas: familiares, educacionais, legais, financeiras, médicas e ocupacionais.
Em 1935, os Alcoólicos Anônimos (AA) definiram como alcoolista “toda pessoa vencida pelo álcool e cuja vida começa a ser incontrolável”.
Então, os conceitos chaves são: perda de controle e uso continuado de álcool.
Quando se pensa em alcoolismo, pensa-se sempre nas pessoas com problemas avançados de álcool, deixando de fora uma parte importante de problemas médicos e sociais produzidos pelo álcool, mesmo que não necessariamente em pacientes alcoolistas.
Assim, a seguinte classificação leva em conta o grau de problema que cada pessoa pode apresentar em relação à bebida e o nível de prevenção:
Problemas com Álcool | Dependentes e Abusadores | Prevenção Terciária | ||
Bebedores de Risco | Mal Bebedor e Bebedor Pesado | Prevenção Secundária | ||
Bebedores de Baixo Risco | Bebedores “Normais” e Não Bebedores | Prevenção Primária |
A partir dessa classificação, pode-se traçar estratégias para o combate ao alcoolismo nos três níveis de Prevenção.
Prevenção Primária
O objetivo é evitar o desenvolvimento de hábitos não saudáveis com a bebida nos não bebedores e nos bebedores normais.
Uma dose padronizada contém 30 ml de líquido. Tem-se estabelecido para os homens um limite de até quatro doses padronizadas de whisky ou destilados três vezes por semana, ou seja, no máximo doze doses (ou 360 ml) por semana e, para as mulheres, até três doses padronizadas de whisky ou destilados por semana.
O limite tolerável para a cerveja seria de 1080 ml três vezes por semana, o que equivale a três litros por semana ou 462 ml por dia. E o limite tolerável para o vinho seria de 450 ml três vezes por semana, o que equivale a um litro e meio por semana ou 192 ml por dia.
Estas dosagens são úteis para dar uma idéia do permitido em termos de uso crônico.
O grande problema com os bebedores “normais” e com os não bebedores, não é o uso crônico, mas, sim, o uso esporádico e em excesso.
Em uma pessoa de 70 Kg, com o estômago vazio, uma dose padrão de whisky produz um pico de 25 mg/dl no sangue (alcoolemia) dentro de 30 minutos. Uma alcoolemia entre 25 e 50 mg/dl produz relaxamento e sedação e, entre 50 e 100 mg/dl, incoordenação e aparente redução da inibição social.
Considera-se que com mais de 25 mg/dl de alcoolemia deveria ser absolutamente proibido conduzir qualquer tipo de veículo.
É bom recordar que os acidentes de trânsito são causa importante de morte em pessoas jovens e que a alcoolemia elevada se associa a mais de 50% das mortes em acidentes de trânsito.
Assim, não é difícil entender que muitas pessoas sem serem abusadoras ou dependentes do álcool passam por situações de alcoolemia alta em reuniões, casamentos, celebrações, aniversários, festas de fim de ano, etc. Estas são situações reais de risco!
O conselho é simples: quando for a uma reunião na qual pretende beber, não vá com o seu veículo ou volte com alguém que não tenha bebido ou, de táxi.
Prevenção Secundária
Deve ser realizada nos bebedores pesados e nos maus bebedores.
O primeiro é aquele que bebe além dos limites normais, tendo um risco de passar à categoria de dependente muito superior ao dos abstêmios.
O mal bebedor é aquele que bebe buscando os efeitos que o álcool produz sobre o seu organismo e que o ajuda a enfrentar os problemas cotidianos. São pessoas que utilizam o álcool para aliviar a ansiedade, para remediar a insônia ou para melhorar a performance sexual.
Como o risco de se tornarem dependentes é muito grande, deve-se ajudar estas pessoas a desenvolverem o hábito da abstinência em primeiro lugar ou a ingestão tolerável.
No caso de problemas de ansiedade, o melhor caminho é a terapia comportamental cognitiva.
Ao contrário do que se pensa, o álcool induz um sono mais rápido, porém, deprime o sono REM, produzindo uma diminuição na qualidade do sono e o encurtamento de sua duração.
Em relação ao desempenho sexual, o álcool pode aumentar o desejo, mas dificulta a performance e, seu uso crônico pode levar à impotência.
Também aqui é necessário lembrar dos perigos dos acidentes automobilísticos.
Se beber, não dirija. Se dirigir, não beba.
Prevenção Terciária
Denomina-se abusador àquele que compreende ao menos um dos critérios abaixo:
Uso continuado apesar do conhecimento de ter problemas físicos, psíquicos, ocupacionais ou sociais causados ou exacerbados pelo uso do álcool;
Uso recorrente em situações em que o uso é fisicamente perigoso (por exemplo, dirigir embriagado);
Sintomas onde o alcoolismo tenha persistido por um mês ou que tenha ocorrido de forma repetida durante um longo período de tempo.
Denomina-se dependente ao que se inclui em ao menos 3 dos seguintes critérios:
Consumir em grandes quantidades ou em longos períodos;
Desejo persistente ou uma ou mais tentativas fracassadas de controlar ou deixar a ingestão;
Perde muito tempo em conseguir a substância, toma-la ou recuperar-se de seus efeitos;
Apresenta intoxicações freqüentes ou síndrome de abstinência em situações nas quais se espera que cumpra com obrigações (família, trabalho, etc) ou quando é perigoso (ao dirigir);
Abandonar ou diminuir a participação em atividades sociais, ocupacionais ou recreativas pelo abuso da substância;
Uso continuado da substância apesar de tudo;
Marcada tolerância, com necessidade de aumentar as doses para conseguir o efeito desejado;
Sintomas de abstinência ao descontinuar a substância;
Controla ou evita a síndrome de abstinência com o uso da substância.
Diagnóstico do alcoolismo
O CAGE é um questionário utilizado para o rastreamento do alcoolismo quando a pessoa admite que faz uso de bebidas alcoólicas.
C cut down = diminuir | Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida? | |
A annoyed = aborrecer | As pessoas o aborrecem porque criticam o seu modo de beber? | |
G guilt = culpa | Você se sente culpado pela maneira como bebe? | |
E eye opening = ao despertar | Você costuma beber de manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca? |
Considera-se o CAGE positivo se uma das respostas for sim.
Como todo teste, o CAGE não é 100% positivo para alcoolismo, deve-se utiliza-lo como um instrumento no auxílio do diagnóstico.
O único teste 100% positivo para o diagnóstico do alcoolismo, é o reconhecimento da doença por parte do paciente ou da família.
Método dos Seis passos para o manejo do Alcoolismo:
1º Passo:
Aplicação do CAGE para identificação das pessoas que bebem além do limite tolerável. Se positivo, segue para o segundo passo;
2º Passo:
Responder às seguintes informações:
Quanto bebe;
Quando bebe;
Por que bebe;
<O que ajudaria a deixar de beber;
<Quem ajudaria a deixar de beber;
Classificar a pessoa na categoria de risco (abusador, bebedor pesado, etc).
3º Passo:
Educação · baseada nas informações acima, discutir as várias situações, os riscos de beber e os benefícios em deixar de beber em todas as esferas de vida, mas principalmente, em relação à saúde.
4º Passo:
Tentar chegar a um acordo sobre os riscos e benefícios e o grau de gravidade em que se encontra a pessoa.
5º Passo:
Negociar um plano de abstinência baseado no acordo prévio e no seu grau de gravidade.
6º Passo:
Alternativas:
- Se se trata de um bebedor de baixo risco, o tratamento e seguimento poderão ser feitos em regime ambulatorial;
- Se se trata de um bebedor de risco moderado, deve-se pensar em hospitalização;
- Se se trata de um bebedor de alto risco, a internação hospitalar é mandatária.
O objetivo final do tratamento de alcoolistas (abusadores e dependentes) é a abstinência, que segundo os AA deveria ser para sempre.
É um erro estabelecer como objetivo para um alcoolista a diminuição da quantidade de álcool ingerida, visto que essas pessoas não são capazes de controlar o que bebem. E, por isso, só se recuperam quando estão em abstinência.
Fonte: Profam, livro 2.
Entidades de ajuda ao alcoolismo:
Os Alcoólicos Anônimos é uma irmandade que congrega portadores de alcoolismo. Sua proposta é ajudar o alcoólico a parar de beber.
Para ser admitido no AA, não existem taxas nem mensalidades. A única exigência é o desejo de abandonar a bebida. Ninguém declara endereço ou profissão, classe social ou poder econômico, ideologia política ou crença religiosa. Analisando, porém, a composição dos diferentes grupos, conclui-se que todos os extratos sociais estão neles representados.
Os membros do AA são protegidos pelo mais absoluto anonimato que, além de preservar a identidade dos alcoólicos, afasta qualquer idéia de projeção pessoal ou de terceiros que possa contaminar a estrutura da irmandade, regulamentada pelas Tradições (normas condensadas pelos pioneiros e aprovadas democraticamente que asseguram a unidade da instituição).
Apesar de não se vincular a nenhuma religião ou seita, o AA prega ser impossível vencer o alcoolismo sem a proteção de um ser superior, de um ente supremo que ajude o alcoólico a manter a sobriedade.
Para ser admitido no AA, não existem taxas nem mensalidades. A única exigência é o desejo de abandonar a bebida. Ninguém declara endereço ou profissão, classe social ou poder econômico, ideologia política ou crença religiosa. Analisando, porém, a composição dos diferentes grupos, conclui-se que todos os extratos sociais estão neles representados.
Os membros do AA são protegidos pelo mais absoluto anonimato que, além de preservar a identidade dos alcoólicos, afasta qualquer idéia de projeção pessoal ou de terceiros que possa contaminar a estrutura da irmandade, regulamentada pelas Tradições (normas condensadas pelos pioneiros e aprovadas democraticamente que asseguram a unidade da instituição).
Apesar de não se vincular a nenhuma religião ou seita, o AA prega ser impossível vencer o alcoolismo sem a proteção de um ser superior, de um ente supremo que ajude o alcoólico a manter a sobriedade.
Os 12 mandamentos dos Alcoólicos Anônimos (AA)
1º princípio: conscientizar-se de que os alcoólicos são impotentes perante o álcool e que perdem o controle de suas vidas em virtude dessa impotência;
2º princípio: acreditar em uma força superior para alcançar a saúde plena e uma vida digna (a idéia de ser superior não é rígida. Para os ateus que freqüentam o AA, o poder superior pode ser o próprio AA);
3º princípio: entregar a vida a Deus, segundo o modo que cada membro da irmandade O concebe;
4º princípio: buscar o autoconhecimento. O alcoólico deve mergulhar dentro de si mesmo e fazer um inventário moral para descobrir os porquês de ter chegado ao fundo do poço;
5º princípio: admitir perante si mesmo, outro ser humano e Deus a natureza das próprias falhas descobertas durante o exame de consciência;
6º e 7º princípio: corrigir os erros e reformular o comportamento com humildade, pedindo a Deus que remova as falhas de caráter e o liberte das imperfeições;
8º princípio: restabelecer relações com as pessoas que foram prejudicadas durante o período de alcoolismo;
9º princípio: reparar, sempre que possível, os males causados;
10º princípio: valorizar a oportunidade de reconhecer o próprio erro e buscar a reparação imediata;
11º princípio: cultivar o relacionamento com o ser superior que a maioria chama de Deus. Esse contato é importante para conhecer sua vontade e pedir forças para realizá-la;
12º princípio: levar as mensagens e os princípios do AA para outros alcoólicos sempre que possível, pois quem não o faz está sujeito a voltar a beber.
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